HomeCidadeDesafios no combate às milícias são discutidos em reunião no MPBA

Desafios no combate às milícias são discutidos em reunião no MPBA

Desafios institucionais no combate às milícias foram discutidas na tarde desta quarta-feira, dia 11, na sede do Ministério Público do Estado da Bahia, no CAB, com a participação do jornalista Rafael Soares, autor do livro “Milicianos: como agentes formados para combater o crime passaram a matar a serviço dele”. O debate ocorreu durante a programação da reunião ordinária do Conselho de Procuradores e Promotores de Justiça da Área Criminal (Concrim), que foi aberto pelo procurador-geral de Justiça Pedro Maia. O chefe do MP baiano destacou o papel estratégico do Concrim como espaço de articulação entre procuradores e promotores de Justiça do Ministério Público que atuam na esfera criminal. “É um conselho de construção, capacitação e, principalmente um ambiente que potencializa a unidade e fomenta soluções para os desafios de enfrentamento da criminalidade que afetam diretamente a sociedade”, destacou.

Em sua palestra, intitulada ‘Milícias e segurança pública: desafios institucionais, estratégias e enfrentamento’, Rafael Soares traçou um panorama histórico do surgimento e expansão das milícias, com ênfase na realidade do Rio de Janeiro. Para ele, o fortalecimento desse fenômeno das milícias é fruto de um processo histórico prolongado e de políticas de segurança pública voltadas para o enfrentamento letal da criminalidade. “Não foi algo que surgiu da noite para o dia. Foram escolhas políticas feitas ao longo de quatro ou cinco décadas, que, ao priorizar uma lógica de confronto e eliminação, acabaram fortalecendo agentes que passaram a atuar a serviço do próprio crime”, afirmou. Ele também destacou que a milícia representa um modelo de organização criminosa profundamente urbano, com base em uma estrutura de exploração econômica e coerção.

Segundo o jornalista, é fundamental entender que nem toda organização criminosa com participação de agentes públicos pode ser classificada como milícia. “A milícia tem uma matriz econômica específica, baseada na cobrança por serviços públicos e com o uso da coerção”, explicou. O secretário de Segurança Pública da Bahia, Marcelo Werner, também participou da abertura do encontro. “Além de coordenar as forças policiais e definir políticas públicas, o secretário tem a missão de construir uma cultura de paz e atuar como articulador de ações sociais que previnam a violência”, disse o chefe do MPBA. O debate foi mediado pelo secretário de segurança pública, Marcelo Werner, e pela mestre em Ciências Sociais Taiala Águilan.

A reunião do Concrim contou ainda com a presença dos procuradores de Justiça Adriani Vasconcelos Pazelli; da procuradora de Justiça Adjunta para Assuntos Jurídicos, Wanda Valbiraci; da ouvidora Elna Leite; e Marilene Mota; do promotor de Justiça Adalto Araújo, coordenador do Centro de Apoio Operacional Criminal (Caocrim); o secretário de Justiça e Direitos Humanos (SJDH), Felipe Freitas; e o juiz Paulo Roberto Santos Oliveira. Na ocasião também foi aprovado o enunciado nº 41 que destaca a importância da atuação integrada do Ministério Público para combater a complexidade das milícias. Conforme a redação do enunciado aprovado, “Nos processos de instância superior, especialmente aqueles que envolvam medidas cautelares criminais contra membros de organizações criminosas ou milícias, recomenda-se atuação articulada entre os membros do Ministério Público de primeiro e segundo graus, quando presentes elementos concretos de risco à segurança pública, com vistas à unidade institucional e à efetividade da persecução penal, resguardada a independência funcional.”

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