Em menos de um mês desde a sua abertura ao público, o Parque Naturalizado do Centro de Interpretação da Mata Atlântica (Cima), localizado no Bonfim, já recebeu mais de 5 mil visitantes, entre crianças, seus familiares e educadores das escolas municipais. A área verde tem a natureza como o seu principal elemento, permitindo um brincar mais espontâneo e criativo do que os playgrounds tradicionais – onde geralmente os pequenos participam de brincadeiras repetitivas, como escorregar ou balançar.
O parque oferece à criançada materiais multifuncionais como árvores para escalar, terra vegetal para cavar, grama para rolar, cordas para subir, entre outros elementos naturais que abrem um verdadeiro leque de opções à criatividade das crianças, sem impôr um modo único de diversão. Além disso, o local oferece um contato direto com a Mata Atlântica e suas espécies vegetais. Na última quinta-feira (27), por exemplo, um grupo de 100 alunos da Escolab Subúrbio 360, com idades entre 7 a 12 anos, conheceu o local.
Coordenando a turma de estudantes que visitou o espaço, a professora da disciplina de raciocínio lógico da Escolab Subúrbio 360, Sandra Calmon, fez questão de pontuar a importância de uma atividade extraclasse em um ambiente como o Parque Naturalizado, que promove o senso de domínio sobre o próprio corpo e o meio ambiente. “É trazer nossos alunos para um aprendizado fora do ambiente escolar, um local que ensina sobre a natureza, sobre o brincar com o meio ambiente. Além de possibilitar o contato com o remanescente de Mata Atlântica, um lugar natural onde eles vão poder vivenciar momentos que vão lembrar para o resto da vida”, considerou a educadora.
O equipamento localizado na estrutura do Cima está vinculado à Secretaria Municipal de Sustentabilidade, Resiliência, Bem-Estar e Proteção Animal (Secis) e à Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult). O Parque Naturalizado faz parte da nova proposta de transformar o Cima no Mundo Encantado das Crianças, concebido como um local de estímulo à imaginação, à arte e, principalmente, ao brincar livre na natureza. Ivan Euler, titular da Secis, explica que o design do parque busca intencionalmente restaurar e fortalecer a afinidade das crianças com a natureza.
Segundo ele, o parque opera sob o conceito de risco calculado, oferecendo desafios físicos, como desníveis variados, inclinações e superfícies irregulares (troncos, cordas), que não são perigosos, mas exigem atenção e esforço da criança. “O parque atende ao nosso conceito de olhar a cidade com o olhar para a infância. Possibilita a imersão em um ambiente natural, com vegetação nativa da Mata Atlântica, reduz os níveis de estresse e o comportamento impulsivo, promovendo um estado de calma e bem-estar. Essa conexão é essencial para a saúde física, mental e emocional das crianças, contribuindo para a redução da síndrome de déficit de natureza e melhorando a capacidade de atenção e foco”, diz, acrescentando que uma outra estrutura semelhante já está sendo finalizada no Largo do Papagaio, na Ribeira.
Primeira infância – Para a coordenadora do Núcleo Especial de Apoio à Primeira Infância da Secretaria de Governo (Segov), Simone Café, que ajudou na concepção do Parque Naturalizado, a criação é uma resposta estratégica à necessidade de oferecer ambientes urbanos que promovam o desenvolvimento integral da primeira infância (0 a 6 anos), alinhado às melhores práticas internacionais. O projeto do Parque é rigorosamente fundamentado em princípios pedagógicos e ambientais que valorizam e priorizam a interação direta, sensorial e exploratória da criança com o meio. Essa abordagem intencional visa maximizar os benefícios do contato com a natureza nos primeiros anos de vida.
“O intuito é devolver o contato das crianças com a natureza, dar a elas a infância que nós tivemos. Quando a gente pede a alguém para lembrar um momento muito importante da sua infância, sempre recordamos de um momento ao ar livre, pisando na terra. Então, percebemos que as crianças estão cada vez mais trancadas nos seus condomínios, nas suas casas. O Parque nasce da necessidade de mostrar que a cidade também é dela, nesse espaço pensado para nossa infância e em contato com a natureza”, detalha Café.
O Parque Naturalizado atua como um laboratório a céu aberto, impactando diversas áreas do desenvolvimento cognitivo, estimulando a solução de problemas complexos, o planejamento de brincadeiras e a concentração, o sensorial através da ampliação da experiência multissensorial, oferecendo estímulos que são frequentemente limitados em ambientes fechados ou altamente estruturados. Essa ausência de rigidez estimula a criatividade, a imaginação e, crucialmente, o desenvolvimento das funções executivas habilidades cerebrais necessárias para o planejamento, a organização, a memória de trabalho e a autorregulação.
“O brincar torna-se um processo ativo de invenção e descoberta. Ele serve como um modelo replicável para a cidade, demonstrando que é possível conciliar infraestrutura urbana de qualidade com a preservação ambiental e as necessidades específicas das crianças, finaliza Café.
SERVIÇO
Centro de Interpretação da Mata Atlântica
Endereço: R. Baden Powell, 8 – Bonfim, Salvador – BA, 40415-095
Ponto de referência: ao lado do Hospital Municipal do Homem (HMH).
Funcionamento: De quarta à sábado das 9h às 17h; domingo das 10h às 14h.
Não há necessidade de agendamento prévio.
A visitação é gratuita


