Nesta segunda-feira (29), a Câmara Municipal de Salvador sediou a audiência pública “Criança, Educação e Natureza”, realizada pelo mandato do vereador André Fraga (PV) em parceria com o Instituto Alana. O encontro, no Centro de Cultura Vereador Manuel Querino, abordou políticas e ações para ampliar o acesso das crianças a áreas verdes e transformar os entornos escolares em espaços mais seguros, saudáveis e inclusivos.
A mesa reuniu JP Amaral, gerente de Natureza do Instituto Alana; Matheus Passos, oficial de Águas, Saneamento e Higiene do Unicef; Thiago Dantas, secretário municipal de Educação; Pablo Souza, secretário de Mobilidade; Tânia Scofield, presidente da Fundação Mário Leal; Ivan Euler, secretário de Sustentabilidade e Resiliência; Denise Gomes, representando a Desal; Simone Café, do Núcleo Especial de Apoio à Primeira Infância; e Daniel Cady, cofundador da Escola Ybá.
Além de representantes oficiais, professores, gestores escolares, pais e entidades da sociedade civil também participaram, compartilhando experiências e desafios. Entre as propostas discutidas estavam hortas e jardins escolares, preservação de áreas verdes urbanas e soluções de mobilidade inclusiva que garantam o acesso seguro das crianças a esses espaços.
“O direito ao verde é também o direito a uma infância plena e saudável. Cada vez mais, vemos crianças afastadas da natureza, tanto pelo uso excessivo de telas quanto pela escassez de áreas verdes próximas aos domicílios. A escola pode e deve ser esse espaço de reconexão”, destacou André Fraga, lembrando que o acesso a um meio ambiente equilibrado é garantido pela Constituição Federal.
Desafios e dados preocupantes
Segundo levantamento do Instituto Alana, Salvador lidera o ranking das capitais com pior acesso infantil a áreas verdes: 87% das escolas não possuem cobertura vegetal. A pesquisa, em parceria com o MapBiomas e a Fiquem Sabendo, analisou mais de 20 mil instituições de ensino no país e revelou ainda que metade das escolas da capital baiana está em áreas de risco climático, sujeitas a alagamentos e deslizamentos — fatores que impactam o aprendizado e a saúde das crianças.
Para JP Amaral, apesar das dificuldades, a cidade também apresenta oportunidades: “Já existe um olhar intersetorial entre secretarias, com iniciativas de pátios naturalizados e melhorias na mobilidade do entorno. Esse é o melhor caminho que a Prefeitura pode seguir.”
Ele defendeu a inclusão das escolas no plano de adaptação climática de Salvador, lembrando que muitas funcionam como espaços de acolhimento em situações de desastre.
Exemplos e soluções
O nutricionista Daniel Cady apresentou a experiência da Escola Ybá, concebida para integrar a arquitetura e a metodologia pedagógica ao contato direto com a natureza. “Quando a gente integra todos os sentidos, o aprendizado se multiplica. É preciso retomar a convivência com o ambiente externo, pontuou.
Próximos passos
Ao encerrar o encontro, Fraga reafirmou o compromisso do mandato com a pauta ambiental e educacional. “Nosso trabalho busca garantir que cada criança tenha acesso a espaços que inspirem saúde, aprendizado e cidadania. Essa audiência é um passo importante para transformar essa visão em realidade”, disse o vereador.
Como encaminhamento, foi anunciada a criação da Coalizão Criança e Natureza, rede que reunirá parceiros para fortalecer políticas públicas que conectem educação, meio ambiente e mobilidade urbana, ampliando experiências já adotadas em escolas públicas e privadas de Salvador.


