Na antessala do Memorial do Legislativo, na Assembleia Legislativa, novos quadros históricos começam a ocupar o espaço reservado a exposições temporárias. A mostra reúne peças que estavam guardadas no acervo do Memorial e que agora são reveladas ao público pela primeira vez nessa configuração, como explica o coordenador do Memorial, o historiador Pierre Simões Paes Malbouisson.
“A gente está fazendo uma pequena amostra aqui da nossa reserva técnica. São quadros e parte do nosso acervo, que antes não tínhamos equipamentos apropriados para expor, mas agora conseguimos ao menos uma parte deles e estamos exibindo aqui”, contou o historiador.
A exibição temporária destaca retratos dos constituintes baianos de 1891, 1935 e 1947. O coordenador observa que, embora a Constituição de 1935 tenha sido interrompida com o advento do Estado Novo, o período foi marcado pela atuação da chamada Comissão dos Nove, responsável pela redação do texto constitucional. “Dentre esses nove, tem Maria Luiza Bittencourt, a primeira deputada estadual da história da ALBA”, afirma Malbouisson.
Além dos constituintes, foram incluídas imagens dos presidentes da ALBA desde Luiz Viana, o primeiro presidente republicano da Casa. Inclusive, uma das imagens expostas é do próprio Luiz Viana. “A gente compôs a exposição com essas quatro imagens e colocamos mais duas, formando uma linha que mostra a continuidade histórica da presidência da Assembleia Legislativa”, detalha o coordenador.
Parte do acervo, segundo Malbouisson, permanecerá em exibição até que o projeto da próxima exposição temporária seja finalizado. Após isso, as peças deverão ser integradas à exposição permanente. “A ideia é manter a exposição temporária lá na frente, na antessala, e a exposição permanente aqui no interior. Quando o novo projeto for instalado, esse material todo passa para o nosso espaço interno”, explica. O espaço permanece aberto à visitação durante o horário de expediente da Assembleia.
A exposição também marca um novo esforço de valorização do Memorial, segundo Malbouisson. “Estamos com a intenção de requalificar o espaço, reorganizar a disposição dos itens e valorizar o que temos. O Memorial é um setor que visa preservar e divulgar a história da Assembleia Legislativa”, explicou ele.
Entre os itens guardados no acervo do Memorial, há imagens de senadores que integraram o antigo sistema bicameral e registros das antigas sedes da ALBA — como a antiga Câmara Estadual, localizada no Campo Grande. Outra peça que pode entrar em breve em exibição é um prêmio recebido pela Assembleia em 1988, em reconhecimento à campanha “A Bahia não se divide”, quando se discutia a possível divisão territorial do estado.
Algumas dessas peças já podem ser vistas no espaço interno do Memorial, a exemplo da antiga urna de votação da Assembleia. No espaço, há ainda mobiliário da década de 1970, contemporâneo à inauguração da sede atual, e obras de arte como o Exu Guerreiro, escultura de Mário Cravo.
“Temos uma série de itens, mas ainda faltam alguns equipamentos adequados, como mostruários de vidro e suportes específicos”, pontua o coordenador. Alguns quadros, segundo ele, demandam restauração, principalmente de molduras, e há também peças de mobiliário antigo que sofreram danos durante as mudanças.
A equipe do Memorial é composta por servidores como o museólogo Cláudio Oliveira, responsável pelo cuidado técnico com o acervo. A intenção, acrescentou Malbouisson, é ampliar as formas de acesso e interpretação das peças. “Nós recepcionamos os visitantes, explicamos o contexto de cada item, mas também queremos providenciar materiais explicativos fixos, para que cada peça traga sua própria história”, afirma.
Ele contou ainda que o Memorial do Legislativo já recebe visitas de grupos escolares por meio de parceria com a Escola do Legislativo. Estudantes do ensino fundamental e médio circulam pelos corredores do espaço, acompanhados por servidores da casa. “O visitante é sempre bem-vindo. Nosso objetivo é exatamente esse: preservar e divulgar a memória da Assembleia Legislativa”, resume o coordenador.