Embora o termo zoonose não seja muito ouvido no dia a dia, ele define uma situação bastante corriqueira: a transmissão de doenças infecciosas entre animais vertebrados e seres humanos. Uma das contaminações mais comuns em todo o mundo é a raiva. Causada por um vírus transmitido após incidentes envolvendo espécies diferentes de mamíferos, a doença pode ser fatal e a vacinação provou, há mais de um século, ser a forma mais eficaz de enfrentamento.
Em 2022, o Ministério da Saúde distribuiu 24.084.650 doses da vacina contra a infecção para imunizar cães e gatos em todo o país. Os dados contabilizam os imunizantes entregues entre janeiro e setembro deste ano. Minas Gerais, Bahia e Ceará foram os locais que mais receberam as doses: 4,4 milhões, 2,4 e 2,1 milhões, respectivamente.
A vacina é distribuída conforme solicitação estadual para ser utilizada nas campanhas de vacinação, além das aplicações de rotina e nos bloqueios de foco, necessários quando há casos de raiva em animais e/ou em humanos. A campanha ocorre ao longo dos doze meses, mas tem foco especial no segundo semestre. Para o planejamento do quantitativo distribuído, é solicitada a cada unidade federativa a estimativa da população de cães e gatos e a data prevista para o início e término das campanhas locais.
Mas por que vacinar os animais é uma ação de saúde pública?
Proteger os pets é uma estratégia de controle da raiva animal, pois bloqueia o ciclo de contaminação para humanos. Por isso, o manejo da doença é compartilhado entre o Ministério da Saúde e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
As duas pastas dividem informações e promovem ações para monitorar a transmissão da doença em cães, gatos e animais silvestres, como morcegos, cachorros do mato, raposas, bovinos e equinos.
No caso dos cães e gatos, em particular, a estratégia de vacinação provou ser um sucesso para prevenir o alastramento da doença. Isso porque esses animais, cujas populações ultrapassam as dezenas de milhões em todo o país, são responsáveis pela maioria dos atendimentos antirrábicos pós-exposição.
A imunização dos indivíduos dessas duas espécies faz parte do Programa Nacional de Profilaxia da Raiva (PNPR), instituído em 1973. Na série histórica de 1999 a 2022, o Brasil saiu de 1.200 cães positivos para raiva, em 1999, para 2 casos de raiva em cachorros até maio de 2022, todos identificados como variantes de animais silvestres.
Enviadas aos estados pelo SUS para a disponibilização massiva e gratuita, as vacinas antirrábica utilizadas atualmente em cães e gatos são fabricadas com a tecnologia de cultivo celular, que apresenta maior segurança e eficácia na proteção desses animais.