HomeBahiaPesquisa da Uesb transforma casca de mangostão em corante natural

Pesquisa da Uesb transforma casca de mangostão em corante natural

Você já ouviu falar em um fruto chamado mangostão? Originário do Sudeste da Ásia, o fruto típico de regiões tropicais é famoso, especialmente, pelo seu sabor e aroma. Mas agora, uma nova faceta dele vem sendo pesquisada: o uso da sua casca na produção de corantes naturais para a indústria de alimentos, medicamentos e cosméticos.

O estudo vem sendo realizado no Laboratório de Tecnologia de Produtos de Origem Vegetal (LTPOV) da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), campus de Itapetinga. O objetivo central é aproveitar os chamados pericarpos do mangostão, a casca de cor púrpura, para produção, formulação e aplicação do corante natural em alimentos e outros produtos.

Professora e pesquisadora que lidera a pesquisa, Andréa Gomes explica que essa cor presente na casca do mangostão é devido aos flavanoides antociânicos, um composto natural presente em frutos e flores, como uva, açaí, repolho roxo, jabuticaba, hibisco e tantos outros.

Além da cor, esse novo corante impacta na dieta de quem consome os alimentos. “Diferente dos corantes artificiais/sintéticos, os naturais são compostos bioativos, que além dos efeitos sobre a percepção das cores, apresentam atividade antioxidante, com alegações de funcionalidade como proteção às células contra danos causados pelos radicais livres, ação anti-inflamatória e antitumoral”, aponta Andréa.

Apesar dos corantes artificiais apresentarem mais estabilidade, poder tintorial e menor custo, problemas de alergias e outros malefícios à saúde humana vêm apontando uma cautela mundial quanto ao seu uso. “A tendência demonstrada pelo mercado em restringir o uso de corantes sintéticos em alimentos e as restrições impostas pela Organização Mundial de Saúde têm levado a indústria e os pesquisadores ao interesse por materiais naturais, em particular hortifrutícolas, folhas e flores, que são usados como corantes”, explica a pesquisadora.

No Brasil, o Sul da Bahia e regiões do Pará, São Paulo e Espírito Santo são as maiores produtoras do mangostão. Apesar de cerca de 75% do peso do fruto ser da sua casca, o consumo dele está concentrado em sua polpa, o que gera um alto descarte. “O aproveitamento desses materiais apresentam várias vantagens econômicas e ambientais, como a utilização integral de matérias-primas biológicas, por exemplo”, acrescenta Andréa.

Da extração à aplicação

Até chegar ao corante e sua aplicação, os cientistas tiveram um longo caminho. O primeiro passo foi a obtenção da matéria-prima. Todas as cascas do mangostão utilizadas nessa pesquisa experimental vieram dos municípios de Una e Ipiaú, no sul da Bahia, direto para o Laboratório da Uesb.

Com os pericarpos em mãos, as etapas seguintes compreenderam a obtenção e a quantificação do extrato bruto, o estudo da estabilidade, a extração em maiores quantidades, a formulação do corante, a aplicação desse corante formulado e o tratamento estatístico dos dados.

“Os corantes concentrados foram testados em balas de gelatina e embalagens inteligentes (biofilmes) como indicadores colorimétricos de qualidade”, explica Andréa, que contou com a colaboração da professora Cristiane Patrícia de Oliveira, também da Uesb.

O trabalho ainda tem pesquisadores da Universidade Federal de Sergipe (UFS), da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) como parceiros. Os resultados obtidos já foram publicados em eventos e revistas científicas.

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