A Copa Norte Nordeste de Remo, principal competição da Confederação Brasileira de Remo (CBR) no hemisfério Norte do país, desembarca novamente na capital baiana neste final de semana, após seis anos. A Praia da Ribeira, na Cidade Baixa de Salvador, será o palco das disputas entre 150 atletas dos estados da Bahia, do Espírito Santo, do Pará, de Pernambuco, do Rio Grande do Norte e de Sergipe entre sexta-feira (29) e domingo (31).
A raia de competição de 2000m de extensão parte das águas calmas da Baía de Todos os Santos na direção do bairro de Plataforma até a linha de chegada próximo ao palanque da Federação dos Clubes de Remo da Bahia (FCRB), na Enseada dos Tainheiros, na direção da Rua Júlio David, na Ribeira. A competição é organizada pela CBR e pela FCRB, com o apoio do Governo do Estado da Bahia, por meio da Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (Sudesb) e da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre).
O estado vencedor ficará com a tradicional Taça da Copa Norte, que é transitória; e o clube campeão fica com o troféu do Campeonato Brasileiro Interclubes (CBI). A Bahia estará representada pelo Clube de Natação e Regatas São Salvador; Esporte Clube Vitória; Sport Clube Santa Cruz; e pelo Clube de Regatas Península.
“Estamos com uma grande expectativa para o retorno da festa do Nordeste no remo, que é a Copa Norte Nordeste, reunindo o Norte, o Nordeste e o convidado Espírito Santo. É uma prova que começou e foi idealizada aqui; e está retornando e resgatando uma modalidade histórica e tradicional em seu berço cultural e esportivo, que é a Ribeira e Salvador. Um evento como este movimenta mais que esporte, movimenta o social, a cultura e, claro, a economia com tantos atletas”, comenta Adroaldo Mendonça, presidente da FCRB.
Programação – A agenda da prova nacional inicia com a reunião técnica às 19h desta quinta-feira, 28, no Instituto Cultural Brasil Itália Europa (ICBIE), na Ribeira. Mas, a partir da sexta-feira, 29, os barcos já estarão na água valendo disputas. A partir das 8h, serão disputadas as eliminatórias das categorias 1X M; 1X MJB; 1X MJ; 2- M; 1X F; 2X MJ; e 4X M. As provas seguem até por volta das 11h.
No sábado, 30, às 8h, a repescagem abre o dia, em ordem, nas categorias 1X M; 1X MJB; 1X MJ; 2- M; 1X F; 2X MJ; e 4X M. Já a partir das 9h15, acontecem as finais, em ordem, das categorias 2X FD; 2X MD; 1X ME; 1X FE; 2X MIXD; 2X MIXE; e 4X MIXD.
O domingo, 31, marcando o encerramento do evento, será apenas para as finais das categorias, em ordem a partir das 8h até por volta das 12h, das categorias 2- F; 1X M; 2X FJ; 1X MJB; 1X MJ; 4X F; 1X FJB; 1X FJ; 2- M; 1X F; 2X MJ; e 4X M.
Copa Norte Nordeste – Com uma origem em solos baianos, a competição foi criada em 1961, disputada apenas por estados; teve a denominação atual a partir de 1979, com a inclusão do Espírito Santo e do Distrito Federal junto aos estados do Norte e do Nordeste do país; e passou a contar com a participação de clubes em 1995, mantendo o troféu original de posse transitória da Federação cujos clubes tivessem mais vitórias.
“A Copa Norte surgiu de um sonho, juntamente com a FCRB e seus clubes, dos jornalistas Genésio Ramos, Luiz Eugênio Tarquínio e Adroaldo Ribeiro Costa para motivar os atletas de remo e o público, trazendo algo inovador para o esporte que até então era o preferido dos torcedores baianos”, acrescenta Adroaldo.
Remo na Ribeira – O Remo é um dos esportes mais antigos praticados pelos baianos, com alguns registros de prática, inclusive, também nas águas calmas do Porto da Barra desde os finais do século XIX, muito antes da introdução do críquete e, mais tarde, do futebol, segundo Adroaldo. Mas, foi na Ribeira que ganhou popularidade e disputando a preferência dos torcedores com o futebol até a década de 1920.
O historiador Murilo Mello conta que o ganhou força no início do século XX, por volta de 1904, na Bahia, especialmente nas águas da Enseada dos Tainheiros, área que se tornou um marco para essa modalidade. Segundo ele, o remo se destacou como um símbolo da modernidade, por meio da busca pela velocidade e vigor físico dos atletas, que eram elementos chamativos para população.
“Era algo que encantava muito o homem do século XX. Então, o remo cai na graça do povo, mesmo mais praticado pela elite. A galera prestigiava. A Enseada dos Tainheiros era esse grande palco, uma Fonte Nova, digamos assim. Eu já fui lá assistir as regatas, por exemplo. É um evento, um momento”, comenta Murilo.
Adroaldo acrescenta que o remo persistiu como aspecto cultural e social na Ribeira. “A importância das regatas para a península de Itapagipe está na mobilização gerada para a comunidade, pois a mesma executa um trabalho diário em retirar os jovens mais carentes da criminalidade, proporcionando, através do esporte, um futuro mais digno e sustentável para as suas famílias. Nos dias das festividades, a população tem a oportunidade de ter um lazer, vivenciar um esporte, além de poder gerar uma renda para suas famílias com a venda de alguns produtos exemplo de alimentos vestuário, artesanato dentre outro”, finaliza.