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Estudantes e professor de Salvador são selecionados para intercâmbio em Portugal em novembro

Cinco estudantes e um professor da rede pública municipal de ensino foram selecionados na tarde desta terça-feira (19) para participar de dez dias de intercâmbio em Portugal, em novembro deste ano, como parte do projeto “Era uma vez…Brasil”.

Os nomes foram anunciados durante um evento realizado no Museu de Arte da Bahia, no Corredor da Vitória, em que também foram lançados um livro de história em quadrinhos e seis curtas-metragens produzidos pelos próprios estudantes. Estiveram presentes alunos e professores de 15 escolas municipais, representantes da Secretaria Municipal da Educação (Smed) e a equipe gestora do projeto.

Foram selecionados o professor de História Carlos Augusto Fiuza Ângelo, da Escola Municipal Manoel Henrique da Silva Barradas, situada em Ilha Amarela, e os alunos Hugo Felipe Coutinho dos Santos, Kézia Santana Araújo, Muktaar Aziz, Maria Vitória Barreto e Mayara Kesley Carvalho Santos. O grupo embarca no dia 5 de novembro e retorna no dia 15 do mesmo mês para a consolidação do projeto.

Durante o intercâmbio, os estudantes de Salvador se unirão a alunos de escolas públicas de outros estados brasileiros para viver uma intensa imersão sociocultural em Lisboa.

Além de conhecer museus e monumentos históricos que narram conexões entre Brasil e Portugal, os intercambistas visitarão escolas portuguesas e trocarão experiências com estudantes locais.

A iniciativa não é apenas uma viagem internacional, mas o ápice de um processo pedagógico que, ao longo de 2025, percorre quatro etapas e convida alunos e professores a refletirem criticamente sobre a formação da identidade brasileira.

Conceito – Em sua 9ª edição, o projeto de arte-educação Era uma vez…Brasil tem como objetivo colaborar com o conhecimento e difusão da cultura nacional, promovendo a aprendizagem e enriquecimento cultural dos estudantes e professores envolvidos por meio do contato com diferentes linguagens artístico-culturais e vivências em territórios quilombolas e indígenas.

Gestora do projeto, Marici Vila falou um pouco sobre o sentimento que o projeto tem despertado nela ao longo de toda a vivência que já teve. “Muitos deles nunca viajaram de avião, então eles chegam extremamente emocionados com tudo que vivenciaram. Eles percebem que Portugal é um país que também tem problemas, como o Brasil, e que o ensino lá não é tão melhor quanto o nosso. Tem os mesmos desafios e dificuldades e que estamos muito mais à frente em discussões e temas do que os portugueses”, contou.

Para ela, a viagem traz para os alunos uma autoestima muito grande e uma vontade não só de mudar a vida da comunidade, mas também a própria. “Essa vivência influencia as outras pessoas, e isso é o mais legal. É uma difusão positiva que abrange todos que estão ao redor: a família, a comunidade escolar e o bairro. É algo que vai se espalhando e motivando as pessoas a cada vez mais buscarem o que elas sonham”.
Supervisora da Smed, Ana Paula Teles atua na equipe pedagógica que acompanha o projeto já há algumas edições. Ela se diz encantada com a iniciativa: “É um projeto que já está consolidado. Para nós, é uma parceria muito preciosa, porque envolve arte, cultura e educação. Trata-se de um encontro muito rico que propicia oportunidades sem tamanho para esses estudantes. A História em Quadrinho, que é a produção deles da primeira etapa, é um desafio. Conseguir montar, em desenho, toda uma narrativa que tem a ver com a temática. E aí os alunos seguem para o segundo desafio, que é produzir vídeos. Eu já acompanho isso há anos e vejo que eles são divertidos e, ao mesmo tempo, trazem uma crítica social muito interessante, madura, até para a idade deles”, avalia.

Com o tema “Quem conta a nossa história? A participação indígena e afro-brasileira na formação do Brasil”, a nova edição propõe um olhar mais inclusivo e plural sobre o passado, questionando as narrativas oficiais que historicamente silenciaram ou marginalizaram contribuições fundamentais desses povos. O projeto atua diretamente nas salas de aula do 8º ano, com uma abordagem que articula pesquisa histórica, produção artística e vivências culturais.

Para viabilizar atividades durante todo o ano letivo, a iniciativa desenvolvida pela Origem Produções conta com parcerias importantes das secretarias municipais de Educação das cidades participantes, além de outros patrocínios da iniciativa privada. Além disso, o “Era uma vez…Brasil” conta com o apoio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, pelo Ministério da Cultura.

Etapas – Os jovens selecionados conquistaram a vaga a partir de um processo educativo que envolveu produção de HQs e participação em oficinas durante a etapa imersiva “Campus de Arte-Educação”, na qual também criaram curtas-metragens abordando temáticas ligadas à ancestralidade, identidade e resistência.

Nessa segunda etapa do Campus, os alunos tiveram a oportunidade de visitar aldeias indígenas e quilombos, conversar com as lideranças e conhecer, por meio da história oral, contada de geração em geração, informações que não estão nos livros didáticos sobre a história de formação do Brasil. O livro lançado reúne as 100 melhores histórias em quadrinhos produzidas nos 14 municípios participantes — de quatro estados brasileiros — e será distribuído em bibliotecas do Brasil e de Portugal.

No retorno para Salvador, o grupo ainda passa por uma quarta etapa do projeto, que consiste no desenvolvimento de um projeto para as suas comunidades de origem.

Nessa etapa, será necessário propor uma iniciativa para melhorar a qualidade de vida das comunidades de origem, após tudo o que foi vivido ao longo do projeto. Essa etapa será em dezembro, com o encerramento desta 9ª edição.

Experiência – Pedro, de 14 anos, foi um dos intercambistas da edição anterior do projeto e conta as semelhanças e diferenças que pôde presenciar durante a viagem.

“Foi uma experiência muito boa. Algo que eu notei parecido com o Brasil foi a diversidade, porque quando eu cheguei lá imaginei que encontraria apenas pessoas de pele branca, mas havia também muitos africanos que vieram de países colonizados por Portugal, como Angola, Moçambique e Cabo Verde, além de asiáticos. Eu também encontrei semelhanças com a cultura, a arquitetura e com uma comunidade periférica de Lisboa que visitamos. Quando eu fui nessa periferia de Lisboa, se eu não soubesse que estava em Portugal, eu juraria que estava no Brasil novamente, mas também pude notar diferença da qualidade de vida e do índice de Desenvolvimento Humano. Para mim, foi uma oportunidade importante para aprender mais sobre a nossa própria história”, opinou.

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